sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sobreviventes de Hiroshima estigmatizados no Japão

Sobreviventes de Hiroshima estigmatizados no Japão
As consequências do bombardeio e da exclusão social que duraram anos ainda perduram para sobreviventes e descendentes da tragédia. Além de doenças relacionadas com a radiação, como câncer e estresse, o preconceito é outra chaga terrível.
Por Suvendrini Kakuchi, da IPS
[05 de agosto de 2010 - 11h11]
A japonesa Toshiko Hamamako se ergueu trêmula e se dirigiu ao público, mas não por pânico diante das pessoas. Seu problema começou há décadas. No dia 6 de agosto de 1945, quando era menina, os Estados Unidos lançaram a bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima, 700 quilômetros a oeste de Tóquio. Três dias depois lançaram outra sobre Nagasaki e pôs fim à agressão japonesa e ao conflito no Pacífico.

Toshiko só recentemente se atreve a falar em público sobre sua vida, 60 anos após o ocorrido. “Ficava aterrorizada ao falar de pé, diante do público, mas também foi uma experiência pessoal importante”, disse a mulher de 66 anos, na conferência sobre o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TPN), realizada em maio em Nova York. Junto a ela havia outros hibakusha, sobreviventes da bomba atômica. Seus relatos sobre doenças e tratamentos dolorosos continuam sendo uma prova poderosa da devastação causada por essa arma letal.

Seu sofrimento não foi apenas pelas queimaduras da radiação e os consequentes problemas médicos, mas pela estigmatização e discriminação que sofrem os sobreviventes e suas famílias. “Somos evitados porque estávamos contaminados”, contou Toshiko. Os filhos dos sobreviventes também são estigmatizados. “Contei o quanto é horrível ser uma hibakusha”, relatou Toshiko, que agora vive com o marido e a filha em Saitama, bairro da zona oeste de Tóquio.

“Minha mãe nunca me falou daquela época porque não gostava de recordar o prolongado sofrimento que viveram ela, minha irmã e toda a vizinhança. A radiação as afetou muito, têm queimaduras que nunca se curaram”, acrescentou. Quando Toshiko se casou, seu marido a fez prometer manter segredo de sua condição para não serem discriminados. “Respeitei seu desejo. Foi há dois anos que decidi falar e estou contente por isso. Agora me dou conta da importância que tem minha história para o mundo”, acrescentou.

“Sabia que chegava a eles”, disse Hiroshi Nakamura, de 67 anos, que falou na mesma conferência que Toshiko. “Minha mensagem sobre os horrores da bomba atômica teve muito mais efeito do que muitos livros e filmes”, afirmou. Os relatos dos sobreviventes não serão sobre a catástrofe propriamente dita porque eram muito jovens, mas os ativistas afirmam que realçam as consequências do bombardeio e da exclusão social que duraram anos. “Pessoas como Toshiko são fundamentais para que o mundo aprenda a lição de Hiroshima”, disse o professor Mitsuo Okamoto, responsável pelo Centro para a Paz e a Não Violência, de Hiroshima. “Seus relatos são uma continuação do trabalho desempenhado pela geração mais velha de sobreviventes, cujas narrações daquele dia fatídico impulsionaram ações globais pela paz”, acrescentou.

Segundo as estatísticas, são 162 mil sobreviventes reconhecidos oficialmente, mais de 60% têm entre 70 e 80 anos, e sofrem de doenças relacionadas com a radiação, como câncer e estresse. A bomba de urânio, lançada por aviões norte-americanos sobre Hiroshima, criou uma enorme nuvem de radiação na forma de cogumelo e deixou 140 mil mortos, 40% da população da cidade. O número de vítimas em Nagasaki foi semelhante, 73.884 desapareceram na hora e outras 74.909 ficaram feridas.

Dos 1.500 hibakusha, de aproximadamente 60 anos, entrevistados para uma pesquisa realizada em julho pelo jornal Asahi, 61% disseram que começaram a se abrir e contar suas histórias depois de 2005. Muitos analistas afirmam que o prolongado silêncio se deve ao estigma social e ao medo de não poder casar porque numerosos japoneses acreditam que a saúde dos filhos e netos de hibakusha não é boa. Hiroshi, de fato, compara sua situação com a de uma condenação à morte porque não sabe quando terá diagnosticada uma doença relacionada com a radiação.

Este ano, Hiroshi se sente animado com a notícia de que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, decidiu participar da cerimônia de 65 anos do lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima. Também participarão, pela primeira vez, representantes dos Estados Unidos, da França e da Grã-Bretanha. “Nos dá uma grande força para seguir adiante”, disse Hiroshi, que perdeu sua mãe para o câncer.

A reação de seus compatriotas é um dos grandes obstáculos a ser vencido pelos hibakusha. Sobreviventes e ativistas se queixam de que os livros não fornecem informação suficiente sobre o conflito no Pacífico nem sobre a Segunda Guerra Mundial, em especial sobre o papel do Japão e sua cruel colonização dos países da região. “Muitas vezes sinto que os japoneses acreditam que fomos um aborrecimento porque sempre revivemos o papel do Japão na Segunda Guerra Mundial. É triste, “lamentou Toshiko. “Mas, continuaremos falando”, finalizou.

Por Envolverde/IPS. Foto por BlatantNews.com.

Palestra no CEAO - hoje, sexta feira, dia 06.08.2010 às 17.30h

PALESTRANTE: PROF. SETH RACUSEN - DIA 06/08, SEXTA, 17:30 HS.

Seth Racusen estuda a questão racial no Brasil e nos Estados Unidos. Publicou um capítulo do livro do professor Kabengele Munanga, Estratégias e Políticas de Combate À Discriminação Racial, analisando os procedimentos de apuração e classificação dos casos de discriminação racial levantados pela Delegacia Especializada em Crimes Raciais (DCS) de São Paulo. Publicou outros artigos sobre a tema e também sobre ação afirmativa no Brasil no livro do Bernd Reiter e Gladys Mitchell, Brazil´s New Racial Politics.

Lançamento - Sidney Falcão

A Livraria LDM, Fundo de Cultura e Sidney Falcão de Carvalho



convidam para o lançamento da obra:



MIUDINS

30 anos

de periferia.





Sábado, 14 de Agosto de 2010, a partir das 10h, na Livraria LDM.

(Rua Direita da Piedade, nº22, Piedade. Próximo à Secretaria de Segurança Pública e ao Banco do Brasil.).





Mais informações:

71 2101-8007/ 8000

eventos@livrariamulticampi.com.br

HTTP://ldmcultural.blogspot.com/



A Obra:

MIUDINS, série de tiras em quadrinhos de Sidney Falcão, retrata a vida na periferia, com seus tipos, linguajares, cenários e situações; um material criado a partir da vivência pessoal do autor, um artista plástico morador da periferia soteropolitana há 30 anos.

Além de um projeto de produção e circulação de História em Quadrinhos, “MIUDINS – 30 anos de periferia” propõe uma ação de inclusão cultural participativa, na medida em que abre espaço para a população da periferia expor seu pensamento nas páginas dos livros, através da publicação de depoimentos de 12 moradores, que poderão falar de assuntos do local onde moram ou trabalham, em nível pessoal ou geral, introspectivo, social, reflexivo; com humor ou seriedade... enfim, com a liberdade para se expressar artisticamente.

Complementando o caráter social deste projeto, TODOS os livros produzidos – excetuando-se cotas governamentais, de divulgação e da equipe de produção – serão doados para a ONG de Utilidade Pública “CENTRO DE INTEGRAÇÃO FAMILIAR – CEIFAR”, sediada no bairro de Tancredo Neves / Beiru, que ficará responsável pela viabilização da venda dos mesmos, arrecadando assim recursos para suas atividades sociais.

“MIUDINS – 30 anos de periferia” é muito mais do que um projeto cultural de publicação de livros de Quadrinhos, é a síntese da vivência e produção artística de Sidney Falcão, um autor com vasta experiência e reconhecimento da crítica especializada. Há anos, Sidney é um dos desenhistas da Turma do Xaxado, de Antonio Cedraz, ajudando a conquistar todos os prêmios nacionais dados a este trabalho. Com “MIUDINS...” Sidney tem a oportunidade de levar ao público um trabalho plenamente pessoal, autoral, construído ao longo dos anos.

A série MIUDINS já é conhecida no Brasil e no exterior, através de publicação em Fanzines e sites especializados. Com estes livros, o autor pretende dar mais visibilidade ao seu trabalho, penetrando em outras mídias e no mercado. Trata-se de divulgar um trabalho baiano, feito por um autor da periferia que retrata esta mesma periferia e valoriza aspectos locais da cultura soteropolitana, muitas vezes deixados à margem do processo cultural.

Por conta disto tudo, este projeto também abre espaço para a publicação de depoimentos de 12 moradores de Tancredo Neves / Beiru e adjacências, dando oportunidade para a comunidade falar de si mesma, com voz própria, em um processo real de co-autoria na construção da obra “MIUDINS – 30 anos de periferia”. Estas pessoas serão selecionadas através de critérios a serem definidos, de tal forma que se consiga uma amostra o mais representativa possível da comunidade



O Autor:



SIDNEY FALCÃO DE CARVALHO

Bacharel em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Sidney Falcão é ilustrador, arte-finalista e quadrinhista, desenvolvendo trabalhos em diferentes técnicas artísticas.

Com seus cartuns e quadrinhos, participou de diversos Salões de Humor do Brasil e exterior. Em 2001, ganhou Menção Honrosa no Salão de Humor de Volta Redonda, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, recebeu Menção Especial no 1º Salão Internacional de Humor da Bahia.

Em 2007, ilustrou a coleção infanto-juvenil “Circo Imperial de Contentamentos”, utilizando técnica mista de aqualera, lápis de cor e nanquim. Na Editora Cedraz, produziu capas e ilustrações para livros de diversos autores baianos – Sérgio Mattos, Ceci Alves, João José de Oliveira e outros – entre coletâneas de contos e romances.

Sidney é o criador da série de tiras em quadrinho MIUDINS, personagens bastante conhecidos no meio dos quadrinhos alternativos, inclusive em sites especializados do exterior. A série tem uma longa história de publicação em fanzines e revistas, de forma independente e em circuitos não-comerciais, inclusive fora do país.

No Brasil, MIUDINS teve recentemente uma tira em quadrinhos publicada na versão on line da Revista CULT, importante publicação cultural do país.

Sidney Falcão foi cartunista do Jornal Correio da Bahia. Atualmente, é um dos ilustradores das histórias em quadrinhos da Turma do Xaxado, de Antonio Cedraz.

Seminário “Povos de Terreiros: Diversidade Étnica na Convenção nº 169 da OIT”

Seminário “Povos de Terreiros: Diversidade Étnica na Convenção nº 169 da OIT”


Data: 09 de Agosto de 2010, das 9h00 às 17h00
Local: Ilê Iyá Omin Asé Iyá Massê – Terreiro do Gantois – Federação – Salvador - Bahia.
Realização: Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu – ACBANTU
Apoio: Terreiro do Gantois, Povos de Terreiro do Estado da Bahia, Rede KÔDYA, Rede de Educação Cidadã, IPAC, Fundação Pedro Calmon, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza.

A Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu – ACBANTU é membro titular da Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais - CNPCT, e nesse espaço vem atuando para a inserção dos Povos de Terreiro, enquanto Povos Tradicionais, na elaboração e implantação de políticas públicas que respeitem suas identidades, realizem a preservação de seus patrimônios materiais e imateriais e, especialmente promovam ações de desenvolvimento social sustentável em todo o Brasil.

Nesse sentido, visando fortalecer esta luta e compartilhar os conhecimentos com os Povos de Terreiro da Bahia sobre este tema é que estaremos realizando o Seminário “Povos de Terreiros: Diversidade Étnica na Convenção nº 169 da OIT”, no dia 09 de Agosto de 2010, das 9h00 às 17h00, no Ilê Iyá Omin Asé Iyá Massê – Terreiro do Gantois - Federação – Salvador - Bahia.

Participarão do evento aproximadamente 80 (Oitenta) pessoas:
a. 70 (Setenta) representantes dos Povos de Terreiro da Região Metropolitana de Salvador e Recôncavo Baiano;
b. Representantes dos Povos de Terreiro na CNPCT;
c. Representante da OIT no Brasil: Dr. Christian Veloz;
d. Governo Federal: SEPPIR, Ministério de Desenvolvimento Social, Ministério do Meio Ambiente e Fundação Cultural Palmares;
e. Governo Estadual: Secretaria de Desenvolvimento Social, Secretaria da Cultura: Fundação Pedro Calmon, Assembléia Legislativa.

O Seminário será composto por 03 Painéis:
1º Painel: 9h00 às 12h30 - Palestrantes serão convidados para relatarem as especificidades étnicas de seus Ancestrais contendo informações gerais sobre espiritualidade, línguas utilizadas, normas e modo de vida. São convidados para esta mesa: A própria Mãe Carmem do Terreiro do Gantois, Ilê Axé Opó Afonjá, Terreiro do Bogum, Humpame Huntoloji, Unzó Tanuri Junçara, Unzó kwa Mpaanzu.

2º Painel: 14h00 – 16h00 – Os representantes governamentais irão dialogar com os presentes a partir da vivência da manhã, expondo as estratégias que vem sendo realizadas para a inserção dos Povos de Terreiro na Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. São convidados para esta Mesa: OIT, MDS, MMA, SEPPIR, Fundação Palmares, Governo do Estado, SEDES, Assembléia Legislativa da Bahia e ACBANTU. Também convidaremos Mãe Carmem para estar presente nesta mesa.

3º Painel: 16h20 – 17h00 – Sistematização Coletiva do Seminário para que as suas conclusões possam ser divulgadas amplamente no Brasil.

Está sendo divulgado o texto abaixo, Anexo I, para os participantes lerem e terem um maior conhecimento a respeito da Convenção 169 da OIT.

Informações: 33215135 / 91563358
www.acbantu.org.br

Falar com: Taata Konmannanjy e Luciana

Nzaambi, Bakulu bawoonso ye Teempu wutusaambulwa!


Taata Raimundo Nonato Konmannanjy
Presidente