sábado, 10 de abril de 2010

As inscrições para apresentação de comunicações, mini-cursos e oficinas encerrar-se-ão em 25 de abril de 2010

Lembramos aos interessados em participar do III Seminário Preconceito na Fala, Preconceito na Cor, que as inscrições encerrar-se-ão, impreterivelmente, no dia 25 de abril de 2010.
As informações estão postadas neste endereço e as dúvidas podem ser retiradas através do e-mail preconceitonafalaenacor@bol.com.br.
Agradecemos aos que já estão inscritos, avisando que a programação sairá em breve, bem como outras instruções que se façam necessárias serão enviadas por e-mail.
Aguardamos o seu trabalho, de seus amigos e colegas!

Sobre preconceito e intolerância - Trechos da comunicação apresentada por Antonia da Silva Santos, em 25 de março de 2010, no ENCONTRO EM SÃO LÁZARO - FFCH/UFBa

O comportamento, as figuras discursivas e as determinações sócio-históricas manifestam-se nos diferentes tipos de intolerância, seja racista, purista, separatista, religiosa, etc. Há, contudo, um tema de que os “maus”, entendidos como aqueles que são diferentes e que não cumprem, dessa forma, certos compromissos sociais, merecem e devem ser de alguma maneira, física ou simbolicamente, punidos.
É nesse jogo entre o querer fazer bem aos “iguais”, aos que cumpriram seus compromissos sociais, que caracteriza, passionalmente, o sujeito. Assim, pode se observar a sanção negativa ao Ser que, por não cumprir o desejo de Outrem, a observar, o branqueamento da sociedade ou de pureza lingüística, pode ser reconhecido como mau cumpridor dos acordos sociais, ou seja, pretos ignorantes, usuários de língua incorreta, índios bárbaros, judeus exploradores, árabes fanáticos e, punidos com a perda de direitos, de emprego, com a morte e outros tipos de sanção. Neste sentido, como uma penalização aos considerados “maus”, a intolerância e o preconceito encontram justificativa, o que provoca uma retomada dos estudos africanos, numa luta contra o racismo, permitindo uma visibilidade do negro através do seu passado.
A fim de levantar o problema, é necessário, contudo, fazer uma possível distinção daquilo que se pode fazer quanto aos sentidos das palavras preconceito e intolerância. Vê-se que as palavras estão equiparadas numa relação de sinonímia.
Durante mais de três séculos, o Brasil recebeu milhões de africanos que, permeados à miséria, sofrimento e dores da extração da convivência com suas famílias, suas aldeias, seu continente, foram deportados e, no século XIX, o Brasil Imperial apareceu como a única nação independente que praticava o tráfico negreiro em larga escala, ilegalmente.
Num exame um pouco mais detido, contudo, pode mostrar que preconceito é a idéia, a opinião ou o sentimento que pode conduzir o indivíduo à intolerância, à atitude de não admitir opinião divergente da sua. Isso indica uma primeira diferença: o traço semântico mais forte registrado no sentido de intolerância é ser um comportamento, uma reação a uma idéia contra a qual se podem fazer objeções e, portanto, não se constitui, simplesmente, como uma discordância tácita. Um preconceito, ao contrário, pode jamais se revelar e, por isso, existe antes da crítica.
É importante destacar que o preconceito é a discriminação silenciosa e sorrateira que o indivíduo pode ter em relação ao outro, seja quanto à linguagem do outro, à cor da pele, às características físicas e sociais, a um não gostar, um achar feio ou errado um uso ou uma língua, sem que se tenha a configuração do que poderia vir a ser bonito ou correto. A intolerância, ao contrário, é ruidosa, explícita, porque necessariamente, se manifesta por um discurso metalingüístico, calcado em dicotomias, em contrários, como tradição X modernidade, conhecimento X ignorância, saber X não saber e outras congêneres. (SANTOS, Antonia da Silva. Memórias e sentimentos das nações da Santa Casa de Misericórdia na Bahia,março.2010)