Nos dias 26 a 30 de abril de 2010 terá lugar no Anfiteatro de História da USP a V Semana de Filologia, na qual participarão professores e alunos, e para a qual estão convidados os interessados em conhecer o teor de algumas pesquisas recentes desenvolvidas por especialistas e estudiosos das humanidades.
O programa, o horário e demais informações sobre o evento constam abaixo.
A todos, os nossos cumprimentos.
Os Organizadores.
V Semana de Filologia na USP
Anfiteatro de História, FFLCH, USP
26 de abril
FILOLOGIA: DO CLÁSSICO
AO CONTEMPORÂNEO
9h30h
Abertura
10h00 às 10h45
Tradução de texto da antiguidade
greco-romana
José Rodrigues Seabra Filho (USP)
10h45 às 11h30
A linguagem dos cantos corais
senequianos como fator de caracteriza o
de personagens
Zelia de Almeida Cardoso (USP)
11h30 às 11h45
Questões
14h30 às 15h15
A questão da figura no ambito da filologia
Lineide Salvador Mosca (USP)
15h15 às 16h00
As linguas na toponímia portuguesa:
variantes lexicais
Patricia de Jesus Carvalhinhos (USP)
16h00 às 16h45
Língua e sujeito no século XIX: da
constituição desaparecida elocutória
Annie Gisele Fernandes (USP)
16h45 às 17h00
Questões
27 de abril
FILOLOGIA: DO CLÁSSICO
AO CONTEMPORÂNEO
10h00 às 10h45
Reflexões sobre a história dos conceitos
Sara Albieri (USP)
10h45 às 11h30
Os sistemas de acentuação gráfica
nas línguas românicas
Bruno Fregni Bassetto (USP)
11h30 às 12h15
Aspectos filológicos e linguísticos da obra
Peregrinatio Aetheriae ou Itinerarium
Egeriae
Cristina Martins (UFRS)
12h15 às 12h30
Questões
14h30 às 15h15
O tupi na literatura brasileira
Eduardo de Almeida Navarro (USP)
15h15 às 16h00
Uma aplicação do estudo diacrônico
compreensão das formas na língua latina
France Murachco
16h00 às 16h45
Apocalipse
Luiz Antonio Lindo (USP)
16h45 às 17h00
Questões
ASPECTOS DA TRADUÇÃO POÉTICA
28 de abril
10h00
A publicação da tradução de poesia
no Brasil
John Milton (USP)
Traduzindo poesia infantil
Telma Franco
O Corvo de Ted Hughes e questões
de tradução poética
Marina della Vale
Álvaro Faleiros:
Augusto de Campos e Paulo Henriques
Britto: políticas cruzadas do traduzir
12h15 às 12h30
Questões
LINGUÍSTICA DE CORPUS
14h30 às 16h45
Mesa-redonda: Linguistica de corpus e
léxico: quanta coisa uma pode revelar
sobre o outro!
Coordenadora: Stella Tagnin (USP)
O que é a culinária brasileira aos olhos do
americano: um levantamento lexical sob o
enfoque da Linguística de Corpus
Rozane Rebechi
Como se diz ?cavar uma falta? em inglês?
Fraseologia do futebol
Sabrina Matuda
Abstracts em ingl s escritos por p sgraduandos
brasileiros: como diferem de abstracts publicados
Carmen Dayrell
16h45 às 17h00
Questões
COMUNICAÇÕES
17h00 às 18h00
Comunicações
25 29 de abril
VOZES DO SÉCULO DE OURO
10h00 às 10h45
Dom Quixote: sociedade de corte
e códigos de conduta
Maria Augusta da Costa Vieira (USP)
10h45 às 11h30
A teatraliza o retórica dos autos
sacramentais de Calderina de la Barca
Claudio Bazzoni
11h30 às 12h15
?Para las Indias he escrito?: Teresa de Jesus
descobre a América
Maria de la Concepcion Piero Valverde (USP)
12h15 às 12h30
Questões
LÍNGUA E DIALETOS DA ITÁLIA
14h30 às 15h15
O problema da língua dos poetas sicilianos
Cecília Casini
15h15 às 17h00
Mesa-redonda: Língua, dialetos e
identidade no Brasil e na Itália
Giliola Maggio, Olga Mordente, Roberta Ferroni
17h00 Às 17h15
Influências fonológicas do italiano no
português falado na cidade de São Paulo
MarcÍlio Vieira (Apresentação: Giliola Maggio)
17h15 às 17h30
Questões
30 de abril
REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DA
POESIA DO SÉCULO XVI AO XVIII
10h00 às 10h45
Sobre o uso do exemplo na poesia
laudateria
Marcello Moreira (UESB)
10h45 às 11h30
Sobre modos de abordagem e ensino da
poesia quinhentista
Marcia Arruda Franco (USP)
11h30 às 12h15
Sobre o ensino da poesia anterior
ao século XVIII
Jo o Adolfo Hansen (USP)
12h15 às 12h30
Questões
COMUNICAÇÕES
14h00 às 18h00
Comunicações
Local: Anfiteatro de História - Av. Prof. Lineu Prestes, 338
Data: 26 a 30 de abril de 2010, a partir das 9h30.
Apoio: Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Contato: Serviço de Cultura e Extensão
Telefone: 3091-4645
Organizadores: Luiz Antonio Lindo, José R. Seabra Filho
Blog para apresentar, discutir e comentar sobre as diferentes manifestações de preconceito na fala.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
IV SEMANA DA ÁFRICA - SALVADOR
Estudantes africanos e afro-brasileiros estão recebendo inscrições para a IV Semana da África. Participe, também.
Acesse http://semanadaafrica.blogspot.com
Acesse http://semanadaafrica.blogspot.com
sábado, 10 de abril de 2010
As inscrições para apresentação de comunicações, mini-cursos e oficinas encerrar-se-ão em 25 de abril de 2010
Lembramos aos interessados em participar do III Seminário Preconceito na Fala, Preconceito na Cor, que as inscrições encerrar-se-ão, impreterivelmente, no dia 25 de abril de 2010.
As informações estão postadas neste endereço e as dúvidas podem ser retiradas através do e-mail preconceitonafalaenacor@bol.com.br.
Agradecemos aos que já estão inscritos, avisando que a programação sairá em breve, bem como outras instruções que se façam necessárias serão enviadas por e-mail.
Aguardamos o seu trabalho, de seus amigos e colegas!
As informações estão postadas neste endereço e as dúvidas podem ser retiradas através do e-mail preconceitonafalaenacor@bol.com.br.
Agradecemos aos que já estão inscritos, avisando que a programação sairá em breve, bem como outras instruções que se façam necessárias serão enviadas por e-mail.
Aguardamos o seu trabalho, de seus amigos e colegas!
Sobre preconceito e intolerância - Trechos da comunicação apresentada por Antonia da Silva Santos, em 25 de março de 2010, no ENCONTRO EM SÃO LÁZARO - FFCH/UFBa
O comportamento, as figuras discursivas e as determinações sócio-históricas manifestam-se nos diferentes tipos de intolerância, seja racista, purista, separatista, religiosa, etc. Há, contudo, um tema de que os “maus”, entendidos como aqueles que são diferentes e que não cumprem, dessa forma, certos compromissos sociais, merecem e devem ser de alguma maneira, física ou simbolicamente, punidos.
É nesse jogo entre o querer fazer bem aos “iguais”, aos que cumpriram seus compromissos sociais, que caracteriza, passionalmente, o sujeito. Assim, pode se observar a sanção negativa ao Ser que, por não cumprir o desejo de Outrem, a observar, o branqueamento da sociedade ou de pureza lingüística, pode ser reconhecido como mau cumpridor dos acordos sociais, ou seja, pretos ignorantes, usuários de língua incorreta, índios bárbaros, judeus exploradores, árabes fanáticos e, punidos com a perda de direitos, de emprego, com a morte e outros tipos de sanção. Neste sentido, como uma penalização aos considerados “maus”, a intolerância e o preconceito encontram justificativa, o que provoca uma retomada dos estudos africanos, numa luta contra o racismo, permitindo uma visibilidade do negro através do seu passado.
A fim de levantar o problema, é necessário, contudo, fazer uma possível distinção daquilo que se pode fazer quanto aos sentidos das palavras preconceito e intolerância. Vê-se que as palavras estão equiparadas numa relação de sinonímia.
Durante mais de três séculos, o Brasil recebeu milhões de africanos que, permeados à miséria, sofrimento e dores da extração da convivência com suas famílias, suas aldeias, seu continente, foram deportados e, no século XIX, o Brasil Imperial apareceu como a única nação independente que praticava o tráfico negreiro em larga escala, ilegalmente.
Num exame um pouco mais detido, contudo, pode mostrar que preconceito é a idéia, a opinião ou o sentimento que pode conduzir o indivíduo à intolerância, à atitude de não admitir opinião divergente da sua. Isso indica uma primeira diferença: o traço semântico mais forte registrado no sentido de intolerância é ser um comportamento, uma reação a uma idéia contra a qual se podem fazer objeções e, portanto, não se constitui, simplesmente, como uma discordância tácita. Um preconceito, ao contrário, pode jamais se revelar e, por isso, existe antes da crítica.
É importante destacar que o preconceito é a discriminação silenciosa e sorrateira que o indivíduo pode ter em relação ao outro, seja quanto à linguagem do outro, à cor da pele, às características físicas e sociais, a um não gostar, um achar feio ou errado um uso ou uma língua, sem que se tenha a configuração do que poderia vir a ser bonito ou correto. A intolerância, ao contrário, é ruidosa, explícita, porque necessariamente, se manifesta por um discurso metalingüístico, calcado em dicotomias, em contrários, como tradição X modernidade, conhecimento X ignorância, saber X não saber e outras congêneres. (SANTOS, Antonia da Silva. Memórias e sentimentos das nações da Santa Casa de Misericórdia na Bahia,março.2010)
É nesse jogo entre o querer fazer bem aos “iguais”, aos que cumpriram seus compromissos sociais, que caracteriza, passionalmente, o sujeito. Assim, pode se observar a sanção negativa ao Ser que, por não cumprir o desejo de Outrem, a observar, o branqueamento da sociedade ou de pureza lingüística, pode ser reconhecido como mau cumpridor dos acordos sociais, ou seja, pretos ignorantes, usuários de língua incorreta, índios bárbaros, judeus exploradores, árabes fanáticos e, punidos com a perda de direitos, de emprego, com a morte e outros tipos de sanção. Neste sentido, como uma penalização aos considerados “maus”, a intolerância e o preconceito encontram justificativa, o que provoca uma retomada dos estudos africanos, numa luta contra o racismo, permitindo uma visibilidade do negro através do seu passado.
A fim de levantar o problema, é necessário, contudo, fazer uma possível distinção daquilo que se pode fazer quanto aos sentidos das palavras preconceito e intolerância. Vê-se que as palavras estão equiparadas numa relação de sinonímia.
Durante mais de três séculos, o Brasil recebeu milhões de africanos que, permeados à miséria, sofrimento e dores da extração da convivência com suas famílias, suas aldeias, seu continente, foram deportados e, no século XIX, o Brasil Imperial apareceu como a única nação independente que praticava o tráfico negreiro em larga escala, ilegalmente.
Num exame um pouco mais detido, contudo, pode mostrar que preconceito é a idéia, a opinião ou o sentimento que pode conduzir o indivíduo à intolerância, à atitude de não admitir opinião divergente da sua. Isso indica uma primeira diferença: o traço semântico mais forte registrado no sentido de intolerância é ser um comportamento, uma reação a uma idéia contra a qual se podem fazer objeções e, portanto, não se constitui, simplesmente, como uma discordância tácita. Um preconceito, ao contrário, pode jamais se revelar e, por isso, existe antes da crítica.
É importante destacar que o preconceito é a discriminação silenciosa e sorrateira que o indivíduo pode ter em relação ao outro, seja quanto à linguagem do outro, à cor da pele, às características físicas e sociais, a um não gostar, um achar feio ou errado um uso ou uma língua, sem que se tenha a configuração do que poderia vir a ser bonito ou correto. A intolerância, ao contrário, é ruidosa, explícita, porque necessariamente, se manifesta por um discurso metalingüístico, calcado em dicotomias, em contrários, como tradição X modernidade, conhecimento X ignorância, saber X não saber e outras congêneres. (SANTOS, Antonia da Silva. Memórias e sentimentos das nações da Santa Casa de Misericórdia na Bahia,março.2010)
sábado, 3 de abril de 2010
Indios Online
Relação do Governo Jaques Wagner com os Indígenas da Bahia em fim de mandato.
Acesse:www.indiosonline.org.br
Acesse:www.indiosonline.org.br
terça-feira, 30 de março de 2010
Índio também luta pela igualdade. Aguardamos mais trabalhos relacionados à temática
Justiça e Sociedade
Projetos de “branco” para índios
Estudo da UnB mostra que ações não respeitam tradições de poder e distribuição de recursos é desigual
ANTROPOLOGIA
Daiane Souza/UnB Agência
Baniwa trabalhou com 18 projetos da Federação Indígena do Rio Negro
As comunidades indígenas brasileiras passaram a se organizar nos últimos 20 anos em associações legalmente credenciadas para receber financiamento do governo federal e agências internacionais. No entanto, na disputa por recursos para artesanato, educação e saúde, os índios são submetidos a modelos de gestão incompatíveis com a cultura tradicional. Internamente, as tribos vivenciam hoje conflitos que envolvem mudanças nas relações de poder e distribuição de recursos fora da lógica indígena.
A constatação é do pesquisador Gersem Baniwa, primeiro índio a defender uma dissertação de mestrado em Antropologia no país. O trabalho foi apresentado ao Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), sob a orientação do professor Henyo Barreto, em abril de 2006, com o título “Projeto é como branco trabalha: as lideranças que se virem para aprender e nos ensinar”: experiências dos povos indígenas do Alto Rio Negro.
No estudo, o índio da etnia Baniwa enfoca 18 projetos desenvolvidos pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). A entidade reúne 68 organizações de 23 povos indígenas. Por meio da federação; governos, ongs e agências financiam ações como saneamento básico, reforma de escolas, preservação do meio ambiente e economia comunitária.
O levantamento de Gersem mostrou que as instituições públicas são a fonte de recursos em 80% dos projetos. Os 18 programas da federação analisados movimentam cerca de R$ 15 milhões por ano. “Econômica e tecnicamente, as ações podem ser consideradas bem-sucedidas e sustentáveis, mas com impacto cultural significativo e preocupante, que pode, inclusive, inviabilizar as ações em pouco tempo”, avalia Gersem. Segundo ele, a forma de organização do trabalho imposta pelos financiadores não respeita a lógica interna indígena. “Os gestores dos projetos são jovens mais escolarizados, fluentes no português, que administram o dinheiro recebido, criando novos espaços de poder ao lado dos tradicionais”, revela. A distribuição dos benefícios também se dá de maneira desigual, causando conflito entre as famílias e até mesmo entre os povos.
ESTUDO DE CASO – Para detalhar o problema, o pesquisador da UnB focalizou um dos projetos sob a responsabilidade da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, a partir de financiamentos externos. Trata-se do Arte Baniwa, por meio do qual algumas famílias dessa etnia produzem e vendem cestarias de arumã (palha extraída de palmeira).
O projeto existe há cerca de 10 anos e movimenta cerca de R$ 300 mil por ano. Os produtos são vendidos no mercado nacional, para lojas como a Tok Stok. Toda a gestão é feita por índios, mas o padrão do negócio é estabelecido pelo mercado.
“O Arte Baniwa busca manter as tradições, incentivando as famílias a confeccionar a cestaria apenas nas chamadas horas vagas, depois das atividades de caça e rituais. Existe a pressão comercial, mas essa perspectiva tem sido seguida, com a incorporação de técnicas científicas de manejo pesquisadas pelos próprios índios”, reconhece Gersem.
Por outro lado, segundo ele, a forma de remuneração das famílias tem levado ao povo Baniwa uma sensação de tratamento diferenciado. Das 900 famílias da etnia, apenas 250 estão envolvidas no projeto. Elas produzem cerca de 30 peças por mês, recebendo por isso quase R$ 80. O dinheiro é utilizado para a compra de sabão, sal, roupa e material de trabalho. Quando sobra, costuma ser aplicado em eletrodomésticos, como rádios e relógios.
Apesar dos artesãos continuarem vivendo na comunidade, participando da caça e de rituais, eles acabam tendo condições de vida diferentes. “Os recursos não são distribuídos igualmente no grupo, como determina a tradição Baniwa. As regras estabelecidas impedem que isso aconteça”, explica o mestre em Antropologia pela UnB.
De acordo com ele, os modelos de financiamento dos projetos indígenas exigem a formação de associações que forjam, inclusive, uma nova camada de lideranças. Para Gersem, são necessárias mudanças na legislação que permitam as comunidades se candidatar diretamente aos recursos. Com isso, as lideranças tradicionais participariam mais do processo e retomariam a hierarquia. Só depois, índios capacitados fariam as funções de contabilidade e administração.
CONTATO
Gersem Baniwa, pelos telefones (61) 9677 7427 ou (92) 3646 1871 ou (92) 8804 3438 ou pelo e-mail gersem@unb.br.
PERFIL
Daiane Souza/UnB Agência
Gersem Baniwa é o primeiro índio com mestrado em Antropologia no país pela Universidade de Brasília (UnB). Formado em colégios salesianos e graduado em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ele foi secretário municipal de Educação e Meio Ambiente de São Gabriel da Cachoeira (AM).
TRIBO BANIWA
No Brasil, o povo Baniwa vive na Terra Indígena Alto Rio Negro, na região do município de São Gabriel da Cachoeira (AM), às margens do rio Içana. Em território brasileiro, são cerca de seis mil índios desse grupo. Na Colômbia e Venezuela, estão outros seis mil. No século XIX, os Baniwa foram escravizados durante a fase alta de extração da borracha. Cerca de mil índios acabaram mortos. A partir de 1910, os missionários salesianos se estabeleceram na região e estão lá até hoje. A presença das igrejas católica e protestante também é marcante na área. Quanto à moradia, os índios deixaram de viver em malocas e hoje, moram em vilas com casas de barro e palha, divididas por família (uma em cada habitação). No entanto, os rituais sagrados e de iniciação continuam sendo realizados. A maior parte dos índios fala apenas Aruak, com pouca fluência em português. A alimentação do povo é garantida pela caça, roça da mandioca e coleta de frutas.
Projetos de “branco” para índios
Estudo da UnB mostra que ações não respeitam tradições de poder e distribuição de recursos é desigual
ANTROPOLOGIA
Daiane Souza/UnB Agência
Baniwa trabalhou com 18 projetos da Federação Indígena do Rio Negro
As comunidades indígenas brasileiras passaram a se organizar nos últimos 20 anos em associações legalmente credenciadas para receber financiamento do governo federal e agências internacionais. No entanto, na disputa por recursos para artesanato, educação e saúde, os índios são submetidos a modelos de gestão incompatíveis com a cultura tradicional. Internamente, as tribos vivenciam hoje conflitos que envolvem mudanças nas relações de poder e distribuição de recursos fora da lógica indígena.
A constatação é do pesquisador Gersem Baniwa, primeiro índio a defender uma dissertação de mestrado em Antropologia no país. O trabalho foi apresentado ao Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), sob a orientação do professor Henyo Barreto, em abril de 2006, com o título “Projeto é como branco trabalha: as lideranças que se virem para aprender e nos ensinar”: experiências dos povos indígenas do Alto Rio Negro.
No estudo, o índio da etnia Baniwa enfoca 18 projetos desenvolvidos pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). A entidade reúne 68 organizações de 23 povos indígenas. Por meio da federação; governos, ongs e agências financiam ações como saneamento básico, reforma de escolas, preservação do meio ambiente e economia comunitária.
O levantamento de Gersem mostrou que as instituições públicas são a fonte de recursos em 80% dos projetos. Os 18 programas da federação analisados movimentam cerca de R$ 15 milhões por ano. “Econômica e tecnicamente, as ações podem ser consideradas bem-sucedidas e sustentáveis, mas com impacto cultural significativo e preocupante, que pode, inclusive, inviabilizar as ações em pouco tempo”, avalia Gersem. Segundo ele, a forma de organização do trabalho imposta pelos financiadores não respeita a lógica interna indígena. “Os gestores dos projetos são jovens mais escolarizados, fluentes no português, que administram o dinheiro recebido, criando novos espaços de poder ao lado dos tradicionais”, revela. A distribuição dos benefícios também se dá de maneira desigual, causando conflito entre as famílias e até mesmo entre os povos.
ESTUDO DE CASO – Para detalhar o problema, o pesquisador da UnB focalizou um dos projetos sob a responsabilidade da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, a partir de financiamentos externos. Trata-se do Arte Baniwa, por meio do qual algumas famílias dessa etnia produzem e vendem cestarias de arumã (palha extraída de palmeira).
O projeto existe há cerca de 10 anos e movimenta cerca de R$ 300 mil por ano. Os produtos são vendidos no mercado nacional, para lojas como a Tok Stok. Toda a gestão é feita por índios, mas o padrão do negócio é estabelecido pelo mercado.
“O Arte Baniwa busca manter as tradições, incentivando as famílias a confeccionar a cestaria apenas nas chamadas horas vagas, depois das atividades de caça e rituais. Existe a pressão comercial, mas essa perspectiva tem sido seguida, com a incorporação de técnicas científicas de manejo pesquisadas pelos próprios índios”, reconhece Gersem.
Por outro lado, segundo ele, a forma de remuneração das famílias tem levado ao povo Baniwa uma sensação de tratamento diferenciado. Das 900 famílias da etnia, apenas 250 estão envolvidas no projeto. Elas produzem cerca de 30 peças por mês, recebendo por isso quase R$ 80. O dinheiro é utilizado para a compra de sabão, sal, roupa e material de trabalho. Quando sobra, costuma ser aplicado em eletrodomésticos, como rádios e relógios.
Apesar dos artesãos continuarem vivendo na comunidade, participando da caça e de rituais, eles acabam tendo condições de vida diferentes. “Os recursos não são distribuídos igualmente no grupo, como determina a tradição Baniwa. As regras estabelecidas impedem que isso aconteça”, explica o mestre em Antropologia pela UnB.
De acordo com ele, os modelos de financiamento dos projetos indígenas exigem a formação de associações que forjam, inclusive, uma nova camada de lideranças. Para Gersem, são necessárias mudanças na legislação que permitam as comunidades se candidatar diretamente aos recursos. Com isso, as lideranças tradicionais participariam mais do processo e retomariam a hierarquia. Só depois, índios capacitados fariam as funções de contabilidade e administração.
CONTATO
Gersem Baniwa, pelos telefones (61) 9677 7427 ou (92) 3646 1871 ou (92) 8804 3438 ou pelo e-mail gersem@unb.br.
PERFIL
Daiane Souza/UnB Agência
Gersem Baniwa é o primeiro índio com mestrado em Antropologia no país pela Universidade de Brasília (UnB). Formado em colégios salesianos e graduado em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ele foi secretário municipal de Educação e Meio Ambiente de São Gabriel da Cachoeira (AM).
TRIBO BANIWA
No Brasil, o povo Baniwa vive na Terra Indígena Alto Rio Negro, na região do município de São Gabriel da Cachoeira (AM), às margens do rio Içana. Em território brasileiro, são cerca de seis mil índios desse grupo. Na Colômbia e Venezuela, estão outros seis mil. No século XIX, os Baniwa foram escravizados durante a fase alta de extração da borracha. Cerca de mil índios acabaram mortos. A partir de 1910, os missionários salesianos se estabeleceram na região e estão lá até hoje. A presença das igrejas católica e protestante também é marcante na área. Quanto à moradia, os índios deixaram de viver em malocas e hoje, moram em vilas com casas de barro e palha, divididas por família (uma em cada habitação). No entanto, os rituais sagrados e de iniciação continuam sendo realizados. A maior parte dos índios fala apenas Aruak, com pouca fluência em português. A alimentação do povo é garantida pela caça, roça da mandioca e coleta de frutas.
sexta-feira, 26 de março de 2010
Prorrogadas as inscrições para comunicações, oficinas e mini-cursos
As inscrições para participação podem ser feitas pelo endereço: preconceitonafalaenacor@bol.com.br.
Verifique a ficha de inscrição e os valores para pagamento: - até 25.04.2010
Estudante de graduação* R$40,00
Estudante de pós-graduação*R$60,00
Professor* R$70,00
Outros (movimentos e irmandades negras)* R$40,00
Mini-curso/Oficina* R$35,00
Ouvinte R$35,00
*Com apresentação de trabalhos
Período de inscrição: até 25 de abril de 2010. Após essa data, as inscrições para apresentação de trabalhos - comunicações, oficinas e mini-cursos estará encerrada, definitivamente.
Depósito:
Caixa Econômica Federal
AG:1522
Operação:013
Conta:114646-0
Obs: É obrigatório o envio por e-mail do comprovante de depósito para confirmação da inscrição.
III Seminário Preconceito na fala, Preconceito na cor
Ficha de inscrição
Nome ______________________________
Instituição: ___________________________
Graduação ( ) Pós-Graduação - Especialista ( )
Mestrado ( )
Doutorado ( )
Professor ( )
Integrante movimento negro ( )
Atividade:_______________________________
Título do trabalho: _____________________
Mesa redonda - coordenador ( )
Mini-curso - ministrante ( )
Oficina - ministrante ( )
Ouvinte - ( )
Em anexo: comprovante do depósito bancário.
Verifique a ficha de inscrição e os valores para pagamento: - até 25.04.2010
Estudante de graduação* R$40,00
Estudante de pós-graduação*R$60,00
Professor* R$70,00
Outros (movimentos e irmandades negras)* R$40,00
Mini-curso/Oficina* R$35,00
Ouvinte R$35,00
*Com apresentação de trabalhos
Período de inscrição: até 25 de abril de 2010. Após essa data, as inscrições para apresentação de trabalhos - comunicações, oficinas e mini-cursos estará encerrada, definitivamente.
Depósito:
Caixa Econômica Federal
AG:1522
Operação:013
Conta:114646-0
Obs: É obrigatório o envio por e-mail do comprovante de depósito para confirmação da inscrição.
III Seminário Preconceito na fala, Preconceito na cor
Ficha de inscrição
Nome ______________________________
Instituição: ___________________________
Graduação ( ) Pós-Graduação - Especialista ( )
Mestrado ( )
Doutorado ( )
Professor ( )
Integrante movimento negro ( )
Atividade:_______________________________
Título do trabalho: _____________________
Mesa redonda - coordenador ( )
Mini-curso - ministrante ( )
Oficina - ministrante ( )
Ouvinte - ( )
Em anexo: comprovante do depósito bancário.
Assinar:
Postagens (Atom)